2.Algumas propostas sobre a elipse nominal


Neste capítulo, apresentam-se algumas propostas de tratamento da elipse do nome. No parágrafo (2.1), resume-se Ronat (1977), uma das primeiras propostas sobre a sintaxe da elipse do nome. Em (2.2), apresenta-se o modelo de DP elíptico sugerido em Bernstein (1993). Em (2.3), expõe-se o Princípio de Legitimação da Elipse, desenvolvido em Lobeck (1995). Em (2.4), resumem-se as propostas de Kester (1996) sobre a legitimação das categorias elípticas por meio de flexão adjectival. Por fim, apresenta-se em (2.5) a tese de Sleeman (1996) sobre a legitimação de nomes nulos por partitivos.

2.1.Ronat (1977)


Um dos primeiros trabalhos que tenta explicar por que razão em Francês só um certo tipo de adjectivos permite a elipse do nome é o de Ronat (1977), um trabalho elaborado no quadro da Teoria Standard Alargada, e por isso muito desactualizado, uma vez que parte de uma estrutura não binária para o NP. Ronat começa por notar que o Francês geralmente não admite "sintagmas nominais sem nome" (1a), embora em certos casos se constate a ausência do nome (1b.c):
[1]

(1)
a. * Les [e] qui parlent les ont vus
b. J'ai choisi les deux [e] qui m'avaient été présentés
c. Lui a préféré les [e] rouges

Ronat propõe a existência em Francês, a nível da estrutura do NP, de uma restrição sintáctica que autorize ou proíba a ausência do nome. Para isso, sugere uma configuração do NP que lhe permite avaliar o nível categorial da elipse do nome.
Na sua opinião, os pseudo-adjectivos (os relacionais, como postal), são gerados como adjuntos de Nº. Quantificadores e adjectivos simples (intransitivos, como rouge), são dominados por N´. Adjectivos complexos (transitivos, isto é, seguidos de complemento, como suspectible de), e adjectivos não-classificadores (como formidable), são dominados por N''. Finalmente, determinantes e relativas restritivas são gerados em [Spec,N''], o que origina a representação seguinte:
[3]

(2)


Como mostram os exemplos (1b.c), a elipse do nome parece aceitável quando o nome elíptico é adjacente a um quantificador ou um adjectivo intransitivo. Esses constituintes são estruturalmente irmãos de N. Para tentar explicar por que razão só quantificadores e alguns adjectivos permitem a elipse do nome, Ronat propõe a seguinte restrição estrutural (Ronat 1977, p.156):

(3) N' deve dominar alguma coisa em Estrutura-S


Quando há elipse --ou ausência do nome--, N' deve conter ou um quantificador ou um adjectivo, ambos irmãos de N em (2). A ideia de Ronat de que só os quantificadores e os adjectivos que são dominados por N' permitem elipse do nome justifica os casos em (4a.b). Nos casos em (4c.d.e), a elipse do nome não é possível porque N' não domina nada:

(4)
a. Les [N' trois [e]]
b. La [N' [e] rouge]
c. * [NP le [N' [e]]]
d. * le [N' [e]] (qui est) capable de trahir
e. * le [N' [e]] formidable


A restrição (3) levanta no entanto dificuldades, como a agramaticalidade do caso seguinte, em que N' domina no entanto o adjectivo trois:

(5) * Samson a reçu les [N' trois e] formidables


Se a agramaticalidade deste caso não pode ser atribuída a (3), devemos concluir que o modelo de Ronat é insuficiente, e que outras restrições, estruturais ou não, estão na origem da elipse do nome.

 

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