Nesta página coloco alguns poemas que escrevi, alguns há já bastantes anos.
Edição de autor Tiragem 1 exemplar
SEM TÍTULO, SEM POEMA
Poemas envergonhados
Escondidos na gaveta
Vermelhos de corados
Manuscritos a tinta preta.
Sem leitores.
Sem críticos.
(Autoria: Rosa Lídia Coimbra)
PAIXÃO Nunca te esqueças de mim, Tatua-me na tua mente. Marca a ferros o meu nome No teu peito. Escreve as minhas palavras No teu balão de pensamento. Obcega-te pelo meu ser.(Autoria: Rosa Lídia Coimbra)
CHUVA NA PAISAGEM
O céu era azul
O sol sorridente
A árvore tinha fruto
A casa tinha gente.
Gente contente, contente
Riso de lua crescente
Corpos de palito, as cabeças são balões
Frágeis, leves, sem preocupações.
Cem preocupações, mil cuidados sem esperança
As lágrimas caem grossas, grossas
Nos nossos desenhos de criança.
(Autoria: Rosa Lídia Coimbra)
BOLAS DE FOGO
Há montanhas que cospem fogo.
Chamam-se vulcões,
mas são montanhas.
Esta montanha, todos os dias,
cospe uma bola de fogo.
A bola sobe, sobe devagarinho...
Ela é feita só de fogo e é tão leve...
E quando não pode subir mais
começa a descer...
também devagarinho...
Até que encontra o mar no seu caminho.
E o mar engole a bola de fogo.
Então a montanha, zangada com o mar,
cospe outra bola de fogo!
As coisas que vemos todos os dias
todos os dias são outras coisas.
(Autoria: Rosa Lídia Coimbra)
POEMA DE UM VERSO SÓ
Deixem-me escrever um poema de um verso só.
Um verso tão comprido, tão comprido
como serpente que não pára de crescer.
Que chegue a todos os homens
trespassando-os a todos,
contas de um imenso colar.
Que leve o Poema aonde
a Poesia nunca esteve.
Mas como aqui se vê
que posso eu afinal?
O Poema é prisioneiro de uma folha de papel.
E eu
poeta não sou.
(Autoria: Rosa Lídia Coimbra)
DIAS
Amanhecer
Branco
Montanha.
Entardecer
Vermelho
Mar.
(Autoria: Rosa Lídia Coimbra)
ESPELHO
A Seta disse para a Flecha:
“Oh Flecha, vem para aqui
que eu vou para aí.”
Mas a Flecha teve outra ideia:
“Não, vamos fazer ao contrário:
Vem tu para aqui
que eu vou para aí.”
E foram pedir ajuda aos Arcos
que anuíram.
No meio do trajecto
encontraram-se e
exclamaram em simultâneo:
“OH! MAS TU ÉS EU!!!”
(Autoria: Rosa Lídia Coimbra)
A VIDA
Vida não é caminho.
Decisão não é encruzilhada.
Meta não é destino.
Nós não fazemos caminhada.
Vida é aqui e agora.
Hoje, este dia, mesmo triste.
O passado não nos toca.
O futuro não existe.
Porque teimamos em não ter vida?
(Autoria: Rosa Lídia Coimbra)
SILÊNCIO SEMÂNTICO
Gosto de poemas estúpidos
Como este.
Frases que não dizem nada.
Palavras sem conteúdo.
Sílabas ocas.
Letras sem barulho.
Gosto dos poemas que não
Querem saber de nós.
Que não nos dizem nada.
Que dão pontos sem nós.
(Autoria: Rosa Lídia Coimbra)
Da página de
Rosa Lídia Coimbra
rlcoimbra#ua.pt
(substituir # por @)
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