Percurso Pedestre...
O que agora lhe vou propor tem alguma dificuldade, mas não se vai arrepender. Vamos andar sobre o rio, saltar nas pedras, subir e descer margens, às vezes um pouco abruptas. Vamos embrenhar-nos em aldeias fantasmas e pelo interior da terra. O caminho por vezes não será o melhor, mas que esta descrição não assuste o caminhante! Basta-lhe prever a roupa adequada, bons sapatos para caminhar, de preferência à prova de água, e, sobretudo, gostar de passear em contacto com a natureza. Parta, de Castro Daire, pela EN 225, até Cabril, e aí vire a direita até chegar a Moimenta!
Opção A – As Minas de Moimenta (2,9 km)
Estacione então o automóvel junto à capela na entrada da aldeia de Moimenta. Este será o ponto de ligação entre os percursos. Depois de preparar todo seu equipamento, onde não deve faltar uma pilha potente, uma muda de roupa e uns sapatos de montanhismo, vamos partir à descoberta das minas.
Saímos em direcção à aldeia, seguindo pela estrada de alcatrão, sempre junto aos campos agrícolas. Seguiremos esta estrada até à última casa da aldeia. Aqui, cortamos à direita, para o antigo caminho das minas. |
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Ao descer pelo caminho podemos aproveitar para observar os lameiros que se estendem pela encosta. Aqui pastam frequentemente as afamadas Arouquesas. Vacas de pelagem acastanhada, de formas harmoniosas e roliças e de corpulência meã. São uma raça bovina de dócil temperamento e muito enérgicas. |
Continuando a descer o velho caminho para as minas, vamos deparamo-nos com uma construção impressionante. Uma velha ponte de pedra, num estilo muito arcaico e artesanal, cruza a ribeira de Moimenta, dando acesso a uma íngreme rampa. Nas lajes, estão cravadas, bem fundo, as marcas das rodas dos carros de bois, que noutros tempos traziam o estanho e o volfrâmio. Aqui, neste mesmo local onde outrora passava o minério, estamos longe do mundo actual, transportados a uma outra era. O silêncio é arrebatador, apenas cortado pelo barulho do rio, um canto de pássaro ou um chocalho dos rebanhos que pastam nas encostas. É um momento de contemplação.
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Após
subirmos a rampa, continuamos pelo caminho até que ele começa a
serpentear encosta abaixo. Mais tarde segui-lo-emos, mas por ora devemos
aproveitar para encher o nosso olhar pelo vale que se abre frente aos
nossos olhos. A ribeira de Moimenta rasga as montanhas, estendendo o seu
vale até se encontrar, lá bem no fundo, com o Paiva. Em frente erguem-se
os maciços da Gralheira e Arada. Em nosso redor, o Montemuro mostra a
sua pujança, com as encostas cobertas de vegetação, com uma aldeia aqui
e acolá.Continuamos pelo caminho, passando em frente da entrada das
minas. Mais tarde voltaremos atrás e exploraremos melhor esta zona. Por
ora vamos continuar, aproveitando o contacto com a natureza e apreciando
a paisagem.
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Cerca de 200 metros depois encontraremos de novo uma ponte. Aqui não é a construção que merece a nossa atenção mas sim o impressionante arvoredo ribeirinho que se estende para cima da ponte. Aproveite, desça até ao rio, tome assento numa pedra, e deixe que toda esta frescura e calma o invadam.
Voltamos agora um pouco atrás, até à entrada das minas, que há algum
tempo deixamos. Esta boca da terra, que se abre à nossa frente, vai
levar-
-nos até às suas entranhas. Aqui se coloca um dilema, se acha que é capaz de explorar as entranhas da terra e traz todo o equipamento consigo (botas de montanha e pilha) aconselhamos que prossiga pelo interior com muito cuidado. |
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Avalie bem os locais de passagem. Embora não haja perigo de derrocada,
uma escorregadela pode ter resultados indesejados. O caminho aqui é
simples, sempre para baixo, até se encontrar a saída da mina, junto ao
rio.
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Se esta opção não lhe parece a melhor, então desça até ao antigo lavadouro do minério, uma curva mais abaixo. Aí siga pelo carreiro, à sua direita, que corre sobre os lameiros, rio acima. Ambas as opções vão levar o caminhante até aos moinhos que se dispõem na margem direita do rio. Aqui irá ser necessário atravessar o rio. Como não há pontes, então teremos de recorrer às pedras e troncos que se encontram no leito. Aproveite para ver estes moinhos. Apesar de abandonados, encerram ainda uma grande beleza e fascínio, principalmente pela forma como coadunam a mão do Homem com a Natureza.
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Agora que estamos na margem direita do rio, pouco antes da pequena cascata, procure junto ao moinho o antigo carreiro de acesso. Este carreiro sobe o enorme penedo, algumas vezes em escadinhas, outras confundindo-se com a formação rochosa. Mesmo não estando marcado, o caminho depressa toma forma na mente do caminhante.
No cimo da subida, aproveite o
momento de descanso e deixe que entre pelos seus olhos a magnífica
paisagem que se abre a sua frente. Se olhar com atenção, vê os caminhos
que à algum tempo atrás percorreu. Um pouco mais à frente está a capela
de Moimenta, perto do local onde estacionámos o
automóvel.
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Agora, é necessário decidir mais uma vez. Se se acha com forças, e as horas de luz ainda o permitem, siga para o percurso Opção B – A Aldeia das Levadas. Caso estas condições não se verifiquem, então retorne a Castro Daire, e volte outro dia preparado para descobrir a aldeia fantasma!
Mas pode optar por outro percurso....
Se vai iniciar aqui o seu percurso, vamos então estacionar o automóvel junto à capela na entrada da aldeia de Moimenta. Se decidiu continuar o percurso, vindo da Opção A, é só continuar a seguir as pistas.
Reveja todo o seu equipamento (pilha potente, uma muda de roupa e sapatos de montanhismo) e depois partiremos em busca da aldeia fantasma das Levadas.
Saímos em direcção à aldeia, seguindo pela estrada de alcatrão, pelo
lado esquerdo até chegarmos a casa dos ingleses, antigos donos das
Minas, que exploramos na Opção A.
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Aqui vamos entrar para dentro da aldeia. As casas típicas, com as paredes em granito e telhados em xisto, cada vez mais raras, ainda abundam nesta aldeia. Subimos, entre muros, os caminhos empedrados em direcção à igreja da aldeia. Aí cortamos para o campo de futebol. Este caminho em terra corre paralelo à estrada de alcatrão, mas num plano mais elevado.
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Depois de passar o campo de futebol, seguimos o caminho até à estrada de
alcatrão, atravessando-a e continuando por outro caminho de terra
batida. Este caminho leva-nos até à Aldeia das Levadas, que curva após
curva se desvenda um pouco mais. Do nosso lado direito, ergue-se mais
uma das vertentes do Montemuro.
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À direita, abre-se um intricado vale, cheio de elevações e reentrâncias. Lá longe, vêm-se os maciços da Gralheira e Arada. O branco das pequenas povoações dá o toque final neste quadro em tons de verde e azul.
A
Aldeia das Levadas está cada vez mais próxima. A estrada de terra batida
cessa, transformando-se num estreito caminho, pavimentado por lajes
irregulares. O caminho penetra na densa galeria arbórea, transmitindo
uma sensação de frescura que é de aproveitar. É cada vez mais audível o
barulho de uma queda de água, à medida que entramos mais fundo por entre
as árvores.
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Curva após curva o barulho cresce em intensidade, até que se desvenda,
bem na nossa frente, uma pequena queda de água, que vai tombando pelas
pedras, até chegar ao caminho, atravessando-o e continuando monte
abaixo.
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Um
pouco mais à frente entra-se finalmente na Aldeia das Levadas. Seguimos
pela rua principal, sempre a descer, e a apreciar tamanha beleza. A
aldeia é inteiramente constituída por casas de arquitectura tradicional,
com paredes em granito e telhados em xisto.
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Contudo estamos numa aldeia fantasma. Aldeia fantasma pois já aqui não
habita vivalma, o que transmite um encanto redobrado a esta povoação.
Todo o pormenor nos enche a vista, desde a fonte ao canastro ou ao
caminho murado coberto pela ramada. Fique por aqui e explore, pelo tempo
que quiser.
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Continuando a descer, passamos pelo caminho coberto pela ramada, até
entrarmos numa rampa que nos leva até aos velhos moinhos. Estes moinhos,
ainda estão funcionais, sendo regularmente usados. A água, que há pouco
se atravessava no nosso caminho, move agora estas velhas mós.
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Voltamos a atravessar o ribeiro, e continuamos pelo caminho murado. Seguiremos sempre este caminho, afastando-nos da aldeia e entrando na zona florestada. Temos agora uma grande caminhada pela nossa frente até chegarmos à Tulha Nova. |
Na Tulha Nova podemos começar por visitar os moinhos. Trata-se de um agrupamento de 3 moinhos, inseridos no meio da vegetação, em que a água cai em cascata de uns para outros. Seguindo a levada de água, entramos na aldeia. Saímos da aldeia, após visitar a suposta casa do descobridor da Califórnia, João Rodrigues Cabrilho.
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Na
estrada de alcatrão, iniciamos o percurso de volta à capela de Moimenta.
Seguimos pela estrada cerca de 150 metros, virando depois para o caminho
empedrado que aparece à direita, pelo meio do casario. No final do
caminho, rumamos em direcção à capela da Tulha Nova, e aí entramos no
pequeno carreiro, por vezes muito mal definido, que nos levará de volta
ao ponto de partida.
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