| NÃO NOS LIXEM
| NÚMERO 9 - FEVEREIRO 1997
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Poluição Urbana
Os poluentes pelos nomes
A rede de controlo da qualidade do ar em Portugal, nomeadamente, nas
grandes cidades e zonas industriais, umas vezes não
existe, outras está inactiva por falta de manutenção
e de investimento. Só as condições atmosféricas
geralmente favoráveis das
cidades portuguesas (ventos fortes e frequentes que fazem dispersar
a poluição), tem evitado o disparo do alerta. E assim
ainda não chegamos ao ponto crítico de cidades como Roma,
Atenas, Lyon, Cidade do México e Caracas, onde regularmente
os automóveis são proibidos de circular, no todo ou em
parte.
A poluição provocada pelos automóveis é
a principal fonte de poluição atmosférica de várias
grandes cidades, representando
64% do total em Nova Delí, 70% em Paris e Varsóvia, 77%
na cidade do México e 90% (record!) na capital venezuelana,
Caracas. Na Europa a qualidade do ar urbano costuma medir-se pela conjugação
de três poluentes: dióxido de azoto (NO2),
ozono (O3), monóxido de carbono (CO) e dióxido de enxofre
(SO2).
Dióxido de Azoto
Trata-se de um gás oxidante, essencialmente provocado pelos
transportes. Pode penetrar nas mais finas ramificações das
vias
respiratórias. A partir das 200 mg (microgramas) por m3 de ar
provoca uma alteração da função respiratória
e irritação dos
brônquios nos asmáticos. O valor-guia da Organização
Mundial de Saúde (OMS) é de 150 mg/m3 por dia. Os números
médios verificados no início dos anos 90 são :
Los Angeles (100 mg/m3); Atenas (78 mg/m3); Paris (57 mg/m3); Pequim (54
mg/m3).
É claro que estas médias escondem os picos, em que o
valor-guia da OMS é ultrapassado. Esta poluição continua
a crescer e
vai tornar-se o inimigo número 1 em muitas cidades, principalmente
dos países pobres, onde não há redes de controle das
emissões.
Ozono
É um gás poluente, agressivo para os olhos e mucosas
respiratórias. A partir de 180 mg/m3, as pessoas sensíveis,
como
crianças, asmáticos, alérgicos podem sofrer sintomas
(irritação dos olhos, tosse...). Quando se atinge o nível
de 360 mg/m3, a
população deve evitar toda e qualquer prática
desportiva intensiva, que obriga a absorver muito mais ar. Para a OMS o
valor-guia é de 100 a 120 mg/m3 para uma exposição
de 8 horas. Como exemplo de máximos atingidos temos: Los Angeles
(660 mg/m3); Pequim (320 mg/m3); México (300 mg/m3).
Monóxido de Carbono
Este é um gás tóxico porque se combina com a hemoglobina
cerca de 300 vezes mais facilmente do que o oxigénio,
impedindo, assim, as células de receber o oxigénio de
que necessitam. Quando presente numa percentagem de 0,01% não tem
consequências; para 0,10% produz, ao fim de 1 hora de exposição,
dores de cabeça, náuseas, etc. e para níveis superiores
a
0,20%, ao fim do mesmo tempo, poderá causar a morte.
A maior parte do CO na atmosfera, a nível mundial, é
de origem natural; porém, nos maiores centros populacionais, as
concentrações de CO podem atingir 50-100 vezes os valores
médios mundiais, devido sobretudo à combustão incompleta
de
gasolina e gasóleo nos veículos automóveis.
Dióxido de Enxofre
Poluição ligada às actividades industriais (por
vezes domésticas, como as centrais de aquecimento). Pode também
ter origem
maioritariamente na poluição provocada pelo transporte
automóvel, como acontece nas cidades de Dakar e Colombo. Trata-se
de um gás irritante que pode desencadear um espasmo brônquico
nos asmáticos, aumento de tosse e problemas respiratórios
gerais em adultos e crianças. A partir de concentrações
anuais de SO2 (dióxido de enxofre) de 100 mg/m3 por dia, verifica-se
um aumento dos sintomas e doenças respiratórias.
O valor-guia na Europa é uma concentração anual
de 50 mg/m3 por dia. Os números relativos aos anos 90 mostram cidades
perigosamente atingidas. É o caso de : Pequim (100 mg/m3); Katowice
(Polónia) (90 mg/m3); Atenas (75 mg/m3).
Poeiras
No conjunto da poluição, não podemos esquecer
as partículas, por vezes cancerígenas (certos hidrocarbonetos
aromáticos
policíclicos) que irritam os brônquios. Das cidades muito
afectadas, podem destacar-se Calcutá, Pequim e Cidade do México.
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OS TÓXICOS
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