NÃO NOS LIXEM NÚMERO 3 - NOVEMBRO/DEZEMBRO 1995

Metalimex

São à volta de vinte mil toneladas de escórias de alumínio situadas a cerca de 7 Km de Setúbal, no Vale da Rosa. Esses resíduos tóxicos - que não são mais do que cinzas e escórias provenientes de uma incineradora - foram exportados em 1987 da Suiça, pela empresa Refonda. Foram colocados num terreno da empresa Metalimex, a qual recebeu dinheiro por cada tonelada tendo também a empresa suíça pago, na totalidade, o transporte das escórias desde as suas instalações até ao Vale da Rosa. A Metalimex recebeu ainda um subsídio do governo da época a fim de aceitar a importação (cerca de 140 mil contos pelo IAPMEI).

As escórias, que contêm dioxinas e metais pesados, situam-se juntas a populações sem qualquer tipo de protecção. Inevitavelmente, a saúde pública e ambiental de toda uma região encontra-se em risco: o solo fica sujeito a todo tipo de contaminações, e com as chuvas verifica-se uma grande infiltração no terreno. A 2 Km do Estuário do Sado, zona de Reserva Natural, o terreno situa-se no meio de uma região agrícola e num local onde os lençóis freáticos estão muito perto da superfície. Está igualmente muito próximo dos principais furos que abastecem a cidade de Setúbal.

A denúncia deste caso, que foi feita nomeadamente pela GreenPeace da Suíça, pelos ecologistas portugueses, pelos autarcas e pelos meios de comunicação social, forçou o governo da altura a tomar uma posição sobre o caso dos resíduos tóxicos. Desde então, a necessidade de reenviar os resíduos para o seu local de origem tornou-se num objectivo que até agora não foi concretizado. No contínuo arrastar da situação entre o governo português e o governo suíço, verifica-se também a intransigência da Metalimex em não querer que as escórias saiam do seu terreno. Entretanto as escórias continuam lá, no Vale da Rosa, e concerteza, extremamente eficientes no que toca à contaminação dos solos que são utilizados para a agricultura e de poços de água utilizados para abastecer a região.

Nós não podemos permitir que sejamos o caixote de lixo dos países mais desenvolvidos. Resta saber que efeitos terá na saúde pública e no ambiente, a contaminação que se tem verificado ao longo de todo este tempo.

Com toda esta perspectiva chocante e de negligência exigimos:

Que sejam feitas análises à água e ao solo, nomeadamente.

Que os resíduos sejam devidamente acondicionados.

Que seja feito um estudo de impacto ambiental por uma entidade de competência científica reconhecida.

Um esclarecimento total e inequívoco, por parte das autoridades competentes, de todos os aspectos contidos neste caso.

Por fim, que as escórias de alumínio sejam devolvidas à Suíça.

Amândio Pereira - Setúbal



© 1998, COORDENADORA NACIONAL CONTRA OS TÓXICOS email