O gato

Bch, Bch, Bch, Bch...
Veio ao meu apelo.
Fiz-lhe uma festinha no pêlo.

Sortudo

Anda de rabo no ar
Julga-se o rei de tudo.
Depois põe-se a miar,
Leva vida de gato, o sortudo.

Entre uma e outra miadela
Uma festinha lhe amacia o pêlo
Nunca na vida usou trela
De livre se gaba sê-lo.

Mas as pulgas, essas chatas,
São-lhe fiel companhia.
E é vê-lo abanar as patas,
Quer de noite, quer de dia.

Mas também leva pontapés,
A lei da casa é essa.
Leva quando o olhar de revés,
Não trava o assalto à travessa.

Vinga-se roendo o sapato.
É pura brincadeira.
Desculpa-se porque é gato,
Bicho sem maneira.

Mas ele lá vai indo,
Achando-se o dono de tudo.
Não porque vá sorrindo,
Leva o rabo no ar, o sortudo.


© 1996 Hélder Bernardo